Estereotaxia

Biópsia Cerebral com Frame Leksell em Criaças

Foi realizado no Hospital Infantil Pequeno Príncipe uma biópsia cerebral guiada por estereotaxia utilizando o equipamento Leksell. O caso foi realizado pela equipe de neurocirurgia do hospital. Trata-se de um paciente com um tumor cerebral profundo que não possibilitava a retirada cirúrgica convencional. Este equipamento permite a realização da fusão de exames de imagem de Ressonancia Magnética e Tomografia de cranio. Assim, foi possível localizar com segurança o tumor de pequeno tamanho através do cerebelo do paciente. O procedimento foi realizado pela equipe do Dr. Carlos Alberto Mattozo com a colaboração do Dr. Alexandre Francisco

Estereotaxia = Precisão

Para a localização de uma estrutura ou tumor cerebral com estereotaxia deve-se utilizar um aparato metálico que deve ser fixado ao crânio e em relação ao qual são realizados os cálculos das coordenadas cartesianas X, Y e Z do alvo que se deseja atingir no procedimento. O aparato fixado ao crânio permite a adaptação de peças articuláveis que permitem a reprodução exata das coordenadas cartesianas no centro cirúrgico e possibilita a inserção de agulhas ou eletrodos até o local previamente calculado. Assim, a estereotaxia é a técnica ideal para a realização de biópsias de tumores cerebrais profundos. A drenagem de cistos e hematomas cerebrais também é uma aplicação desta técnica minimamente invasiva. Este tipo de procedimento possibilita inclusive a realização de procedimentos com anestesia local com a colaboração do próprio paciente. 

O primeiro procedimento estereotáxico no homem foi realizado em 1946 por Spiegel e Wycis para tratamento de um distúrbio psiquiátrico. Realizaram uma lesão no núcleo dorsomedial do tálamo como uma alternativa à lobectomia pré-frontal que causava seqüelas cognitivas nos pacientes. O equipamento era fixado ao crânio através de pinos no rebordo orbitário e um molde gessado era confeccionado individualmente para cada paciente. O tipo de imagem utilizada para a localização das estruturas intracerebrais era a pneumoencefalografia. O trabalho de Spiegel e Wycis foi extremamente produtivo e durante os primeiros 20 anos da cirurgia estereotáxica realizaram procedimentos relacionados à quase todas as áreas da neurocirurgia funcional. Além dos procedimentos de psicocirurgia, realizaram procedimentos para dor crônica, distúrbios do movimento e epilepsia.

A talamotomia ou a palidotomia para o tremor observado na Doença de Parkinson foi o tipo de cirurgia estereotáxica mais realizada entre o final da década de 50 e metade da década de 60. Até 1969 estimava-se que cerca de 37.000 procedimentos utilizando a estereotaxia haviam sido realizados em todo o mundo. Com o desenvolvimento de terapias farmacológicas para algumas doenças que eram tratadas com o auxílio da estereotaxia, alguns procedimentos passaram a ser realizados com menor freqüência. Nas décadas de 70 e 80 passou a ocorrer uma maior aplicação da estereotaxia nos procedimentos morfológicos tais como: biópsias de tumores cerebrais, posicionamento de isótopos radioativos e localização de craniotomias. A estereotaxia é utilizada pelo neurocirurgião Carlos Mattozo em sua clínica de neurocirurgia em Curitiba.

Drenagem de Hematomas Intracerebrais Profundos com Estereotaxia

A drenagem de hematomas cerebrais espontâneos supratentoriais com base em técnica de endoscopia, estereotaxia e guiada por neuronavegação é utilizada em vários centros e grupos selecionados de pacientes. A recuperação funcional a longo prazo destes pacientes ainda aguarda validação, mas há indícios de que há diminuição do tempo de internação, menor índice de infecção hospitalar e melhora do nível de consciência. Foi realizado estudo piloto coordenado pelo neurocirurgião Dr. Carlos Mattozo utilizando a técnica de drenagem de hematomas intracerebrais em pacientes não comatosos por aspiração com base em arco de estereotaxia.

Os parâmetros utilizados para escolha foram rebaixamento do nível de consciência prolongado, permanência do hematoma no exame de tomografia axial computadorizada de crânio (TAC) com efeito de massa após 7 dias e déficit motor incapacitante. A localização do hematoma em todos os pacientes era subcortical (gânglios da base) e o volume médio foi superior a 15mL. Todos apresentavam déficit motor e não apresentaram melhora do nível de consciência após 7 dias de internamento.

Os exames de imagem realizados no pós-operatório demonstraram drenagem efetiva do hematoma em 75% dos casos. Nestes pacientes ocorreu melhora do nível de consciência, déficit motor e déficit de linguagem.

A drenagem de hematomas intracerebrais espontâneos supratentoriais por estereotaxia na sua fase tardia, considerada neste trabalho como acima de 7 dias, demonstrou ser extremamente eficaz em uma amostra aleatória de pacientes. A confirmação da melhora do quadro neurológico no primeiro dia de pós-operatório foi fator determinante para tal afirmativa. O fato de a cirurgia tardia com aspiração por estereotaxia trazer benefícios imediatos para pacientes em uma amostra aleatória, deve ser encarado como um novo horizonte a ser estudado, pois pacientes com diversos perfis obtiveram melhora com o mesmo método. Por outro lado deve-se considerar que a presença de comorbidades como diabetes e hipertensão arterial severa devem ser ponderados antes do procedimento. Esta técnica de estereotaxia é utilizada pelo neurocirurgião Carlos Mattozo em sua clínica de neurocirurgia em Curitiba.