Adenomas Hipofisários

Por: neurofocus

A glândula hipófise é a principal glândula do corpo humano e participa da regulação de praticamente todos as funções hormonais. Assim como outros órgãos, a glândula hipófide pode ser acometida por tumores. O neurocirurgião Dr. Milton Manrique Rastelli Júnior explica um deles: “o tumor que surge a partir de suas células é o adenoma hipofisário, tumores benignos, de crescimento lento e que podem invadir estruturas adjacentes como por exemplo o seio cavernoso (região onde transitam os nervos que promovem a motricidade ocular e a artéria carótida interna)”.

Os adenomas de hipófise possuem incidência de 1 caso para cada 1000 pessoas. A relação do aparecimento destes tumores com herança genética é extremamente raro. Existe uma doença chamada Neoplasia Endócrina Múltipla na qual os pacientes portadores de adenoma de hipófise possuem tumores associados localizados no pâncreas e glândulas paratireóides.

Sobre os sintomas, o neurocirurgião Dr. Carlos Alberto Mattozo explica que os sintomas causados pelos adenomas de hipófise estão relacionados a propriedade de secreção de hormônios ou não pelos tumores. Existem dois tipos de adenomas de hipófise: secretores e não secretores. Assim, os tumores secretantes produzem um ou mais tipos de hormônios em grandes quantidades e os pacientes apresentarão muitos sintomas relacionados ao desequilíbrio hormonal, enquanto os não secretantes causam sintomas devido sua presença na sela túrcica.

Os três principais tipos de tumores secretores são relacionados com a produção excessiva de prolactina, hormônio do crescimento (GH) e hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O adenoma hipofisário produtor de prolactina chama-se prolactinoma. Pode causar alterações do fluxo menstrual e produção de leite materno. O adenoma secretor de GH pode causar acromegalia, que consiste em modificações faciais nas regiões frontal, nasal e mandibular, além de aumento de tamanho desproporcional das extremidades (mãos e pés). Estatura elevada ocorre nos pacientes que sofrem a hipersecreção hormonal no período da pré-adolescência. O adenoma secretor de ACTH causa a Doença de Cushing a qual provoca a secreção aumentada de cortisol pelas glândulas suprarenais. O cortisol elevado provoca várias alterações no organismo tais como: depósitos de tecido gorduroso na região dorsal, estrias de coloração arroxeada, hipertensão arterial, acne, etc. 

Devido a não secreção hormonal, observam-se tumores de grande tamanho geralmente. Causam sintomas devido a sua presença no interior da sela túrcica (região onde se localiza a glândula hipófise) comprimindo estruturas adjacentes. Terapias com medicamentos não causa efeitos sobre este tipo de adenoma.

Os sintomas relacionados aos adenomas hipofisários são muitas vezes visuais devido a proximidade da região da sela túrcica em relação ao nervo e quiasma ópticos. Pode ocorrer perda da visão periférica e redução da acuidade visual (perda visual). Os sintomas visuais são observados em graus variáveis de acordo com o tamanho do tumor e sua extensão superiormente. Os sintomas hormonais são relacionados a hipersecreção hormonal ou deficiência da glândula hipofisária. A invasão do seio cavernoso pode ocasionar paralisias de nervos cranianos. A participação do endocrinologista é fundamental para o tratamento dos adenomas hipofisários.

“O melhor exame para avaliação dos adenomas de hipófise é a ressonância magnética a qual delimita as relações do tumor com as estruturas nervo-vasculares próximas”, afima o neurocirurgião Dr. Milton Manrique Rastelli Júnior. Conforme o diâmetro do tumor os adenomas são classificados em microadenoma (diâmetro inferior a 1 cm) e macroadenomas (diâmetro maior que 1 cm). Os exames hormonais são fundamentais para a diferenciação entre tumores secretores e não secretores.

O tratamento dos adenomas hipofisários é indicado conforme o tipo e tamanho do tumor. O único tipo de tumor que pode ser tratado exclusivamente por meio de medicamentos é o prolactinoma. “A cirurgia é indicada nos tumores maiores que 1 cm (macroprolactinomas). O acesso transesfenoidal através do orifício nasal é a via de acesso preferencial. A neuronavegação pode ser utilizada para a localização intraoperatória das artérias carótidase determinação de rota cirúrgica, prevenindo lesões”, diz o neurocirurgião Dr. Carlos Alberto Mattozo. Já o tratamento complementar com radiocirurgia estereotáxica pode ser indicado em casos de tumores residuais, buscando preservar nervos cranianos.